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A Transformação Digital é uma aliada, uma inimiga ou uma onda pra ficar indiferente?

Eu trabalho com empreendedores e investidores e ambos tem uma maneira de enxergar as mudanças: Se eles tem uma idéia para aproveitar a mudança, eles gostam dela.

Se não tem uma idéia, dizem que se trata de uma onda, algo que não vai pegar, que não vai fazer diferença pros negócios…Em suma: Cada um avalia o impacto das mudanças da maneira que lhe convém.

Eu ajudo eles a enxergarem o que realmente é: Mas antes de dizer o que penso sobre as mudanças atuais, vou falar um pouco sobre os conceitos em torno da Transformação Digital e seu impacto nos modelos de negócios.

A troca de tecnologias e a evolução do modelo de negócios é como a relação do sapo com a água quente: Se ele for jogado na água fervente ele salta fora. Se a água for esquentando aos poucos ele fica dentro até ser cozido sem notar. Modelos novos e antigos  convivem durante um tempo e por isso, por vezes, não parecem tão disruptivas para que não quer ver.

Temos um pouco menos de 25 anos de Internet e muitas empresas continuaram iguais e trabalhando da mesma forma. Hoje ainda não vivemos naquele cenário futurista do “De Volta para o Futuro” ou do “Blade Runner” com skates e carros voadores. Quem mais mudou não foram as empresas e produtos. Mas os consumidores – e é aí onde mora o problema e a oportunidade para as empresas.

Os consumidores tem cada vez mais opções para solucionar seus problemas.

E a grande maioria dessas soluções veio com a adoção de uma nova tecnologia por eles e que não foram oferecidas pelas empresas nas quais os consumidores já eram clientes. Vamos pensar em alguns exemplos?

Táxi – Agora você tem Uber, 99, Easy Taxi, Cabify. Não foi um grande frotista de táxis, nem o dono de uma empresa de Tele-Táxi nem o Sindicato dos Taxistas que trouxe um aplicativo que deu possibilidades de escolha, facilidade de atendimento ou pagamento.

Comunicação por texto e voz – Agora você tem WhatsApp, Messenger, Facetime, Telegram, Skype. Não foi nenhuma operadora de telefonia que criou um aplicativo que deu possibilidades de escolha de como se comunicar, facilidade de uso e ainda por cima, de graça. Lembra que antes as empresas de telefonia cobravam por SMS??? Vc tinha limite no número de mensagens que podia mandar.

Assistir a filmes, séries e programas de TV – Você agora tem Netflix, Esporte Interativo, Google Play. Não foi nenhum canal de TV, operadora de TV a cabo quanto menos uma rede de cinemas ou uma locadora** que deu a opção de vc assitir o que quisesse, onde quisesse pagando um valor mensal ou pagamento por programa. Na TV a cabo hoje ainda te limitam canais sem HD e te enfiam canais que vc não se interessa em assistir.

 

Então: Táxi acabou, não. Companhia telefônica acabou, não. Operadora de TV a cabo ou veículo de TV acabou? Não. Esses Apps que citei ainda não tem 10 anos. E provavelmente você não vive hoje sem nenhum deles e os antigos serviços ficam tentando sobreviver, tentam copiar e alguns deles realmente tentam inovar dentro dos seus setores. 

E quando a gente viaja uns 25 anos pra trás, sabe o que existia?

A máquina de escrever – Os computadores começavam a entrar nos escritórios e casa.  E ambos conviveram por alguns anos

E a 20 anos? 

A fotocopiadora – vulga máquina de Xerox – conviveu com as impressoras.

E a 15 anos?

A câmera fotográfica com filme de revelação também conviveu com a máquina digital.

E a 10 anos? O celular conviveu com o tocador de MP3…e com a câmera fotográfica digital, e com a filmadora.

Não foi chegou um e morreu o anterior no dia seguinte. E quer mais? Os fabricantes líderes desses segmentos também não foram os que lançaram seus substitutos digitais.

E a gente se pergunta? Como foi que isso aconteceu com a empresa X? Tão óbvio que uma coisa iria substituir a outra. Bah, o meu tio disse que isso nunca ia pegar. Que nunca iriam conseguir substituir.

Jornal de bairro. Estações de rádio. Jornais. Esses que fecharam esse ano conviveram com a Internet lançada a 25 anos atrás. Sobreviveram até que Google e Facebook secassem suas receitas publicitárias.

Os consumidores foram atrás de algo que se chama VALOR. O que um consumidor paga de diferença entre o custo de um produto o preço dele, é o VALOR percebido. 

Somente 2 coisas são certas: A tecnologia pode levar 1 ou 25 anos. Mas ela sempre vence. Podem ser até 50 anos mas basta um elemento, um detalhe, uma pequena melhoria…que uma antiga tecnologia fracassada faz com que se torne um produto inovador

Então, não foram as empresas que decidiram se Transformar Digitalmente. Foi o Consumidor que transformou sua própria vida e foi em busca de opções melhores para solucionar seus problemas. E as empresas das quais os consumidores compravam seus produtos como a Olivetti, Xerox, Kodak, Sony não foram as que apresentaram as melhores soluções para um consumidor que queria mais facilidade a menor preço.

Os consumidores foram atrás de algo que se chama VALOR. O que um consumidor paga de diferença entre o custo de um produto o preço dele, é o VALOR percebido. 

E o que é percebido como valor pelo consumidor vem mudando cada vez mais rápido por causa de um fator: Internet

Se antes os limitados veículos de mídia e empresas andavam de mãos juntas dizendo o que era novidade, a Internet virou a mesa. O Consumidor é que começou a dizer o que era novidade. Seja algo que viu em uma viagem ao exterior, fosse uma nova pesquisa universitária, fosse uma nova tecnologia mostrada em uma feira que visitou ou algo que instigou uma nova idéia. O consumidor com a Internet começou a ampliar suas próprias redes de comunicação. E essas redes foram se ampliando e cada novo consumidor na Internet colocando seus amigos em cópia no email, se unindo a amigos através do Facebook, seguindo perfis de jornalistas no Twitter até chegar nos Grupos do WhatsApp. Cada pessoa passou a ter uma rede de onde pegar notícias e idéias e para onde propagar o que viu.

Então, quando falamos em Transformação Digital estamos falando em acompanhar o Consumidor.

Em entender o que ele Valoriza.

Entender pelo que ele está disposto a pagar. O que fará ele propagar positivamente uma empresa e o que fará ele ignorar outra. Porque em um mundo de opções ele muitas vezes nem reclama ou sinaliza insatisfação. Simplesmente troca por uma solução melhor.

E o processo de Transformação Digital contempla exatamente os temas acima:

Dados para entender o consumidor, para fazê-lo entender o valor de uma marca ou produto e ajudá-lo a solucionar um problema

As redes do consumidor e como ele as utiliza

A Transformação da Concorrência

O que é Valorizado pelo consumidor

E como Inovar de forma sustentável para não ser atropelado.

Em suma, o processo de Transformação Digital é uma maneira de re-pensar e estruturar um negócio considerando as ameaças e oportunidades trazidos pelo acesso fácil do consumidor a novas tecnologias. Pois esse consumidor informado, é quem irá buscar novas soluções para seus problemas. 

O processo de Transformação Digital tem o foco na criação de VALOR para o consumidor. 

É repensar como um consumidor, que agora está munido de diferentes tecnologias, vai valorizar uma empresa e considerar o produto ou serviço dela superior ao da concorrência ou ficar satisfeito com o desembolso que faz ao adquirir um produto ou serviço.

Então respondendo a pergunta lá de cima: A Transformação Digital é um aliada, uma ameaça ou algo para ser indiferente?

O cliente da empresa na verdade é quem decide. Se ele valorizar novas soluções que a empresa da qual ele é cliente hoje não contempla, o processo de Transformação Digital é que irá ajudar a contemplar. Se uma empresa desconhecida decidir entrar no mercado de uma empresa estabelecida com uma solução de base tecnológica que entrega mais valor que as empresas atuais, é o processo de Transformação Digital que mostrará como lidar com essa ameaça. Se o consumidor migrar de forma lenta e gradual para uma nova solução de base tecnológica é o processo de Transformação Digital que irá informar a empresa que seu mercado está encolhendo e talvez em 5 ou 25 anos a empresa será irrelevante para o consumidor. 

Basta lembrar que a tecnologia para a criação de “computadores de bolso” e Smartphones ficaram rondando o mundo por uns 25 anos. Até que Steve Jobs juntou todas as peças ideais e colocando uma tela táctil usada com as pontas dos dedos (ao invés de uma Stylus) com uma interface intuitiva fez com que passassemos a receber “Bom Dia!” com uma imagem de anjinho de nossos parentes mais velhos todos os dias.

Entre considerar a Transformação Digital uma aliada ou uma ameaça, ignorar o Consumidor é a solução mais fácil e menos dolorosa. A pergunta é quanto tempo é possível ignorar o consumidor, não rabalhar na redução de custos de aquisição de cliente, não gerar valor ou aguentar redução de faturamento até que a empresa seja engolida por um concorrente inovador.

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